Helbor na Imprensa

Helbor traça estratégia para venda de terrenos fora do plano de negócios

11/09/2025


Com sobra de terrenos, Helbor terá de decidir se lança mais ou vende áreas Por Circe Bonatelli, O Estado de S. Paulo

A Helbor, tradicional no mercado imobiliário de Mogi das Cruzes e região metropolitana de São Paulo, está recalibrando as suas operações e se aproximando de um novo ciclo de negócios. A empresa terá que decidir se volta a crescer ou se passa adiante os terrenos que estão sobrando - como, aliás, já tem feito. “Temos um landbank (banco de terrenos) excedente, por isso decidimos vender. No futuro, daremos um novo passo e decidiremos se vamos continuar vendendo ou se vamos acelerar os lançamentos”, antecipou o diretor financeiro e de relações com investidores da Helbor, Leonardo Piloto, em entrevista à Coluna. “Essa discussão é estratégica e deve vir ao longo de 2026”.

Desde o ano passado, a Helbor vendeu seis terrenos, movimentando R$ 136 milhões. Pela frente, há mais quatro áreas a serem alienadas, o que deve render mais cerca de R$ 100 milhões. Mesmo assim, a empresa ainda terá na mão terrenos suficientes para construir empreendimentos avaliados em R$ 8,6 bilhões, o que representa aproximadamente seis a sete anos de lançamentos, considerando o ritmo deste ano. “É um landbank grande para o tamanho atual da companhia", admitiu Piloto. “Carregar esse landbank é penoso em alguma medida, pois tem o custo do capital imobilizado, as cobranças de IPTU e o custo oportunidade". As áreas foram adquiridas parte em dinheiro, parte em permuta. Por outro lado, ponderou que as vendas acontecerão sem pressão. A revisão dos negócios começou em 2024, quando a Helbor colocou na rua um plano para aliviar a dívida, que ficou alta demais, especialmente diante da subida dos juros no Brasil. Para isso, a incorporadora freou os lançamentos e priorizou a venda de apartamentos do estoque. Em paralelo, passou a se desfazer de terrenos em cidades e bairros onde perdeu interesse por novos projetos, como Campo Grande e Cuiabá, e trechos da zona leste de São Paulo, como Carrão e Anália Franco.

A Helbor está saindo do segmento econômico e optou por ficar apenas com terrenos onde serão erguidos imóveis para o público de maior poder aquisitivo, situados em zonas nobres de São Paulo, Osasco, São Bernardo e Mogi das Cruzes. Desde então, a estratégia evoluiu. A dívida líquida caiu 9,5% entre o primeiro trimestre de 2024 e o mesmo período de 2025, chegando a R$ 1,49 bilhão. A alavancagem (medida pela relação entre a dívida líquida e o patrimônio líquido) recuou de 68,5% para 53,6% nesse período.

Com as próximas vendas de terrenos, a alavancagem deve cair para 50%, segundo Piloto. Além disso, os lançamentos foram reduzidos de dez em 2023 para oito em 2024, enquanto o valor geral de vendas (VGV) dos lançamentos recuou 11%, para R$ 634 milhões.

Turbulência

O estoque de apartamentos disponíveis para venda baixou 14% ao longo do último ano, para R$ 1,3 bilhão. “Os últimos meses foram importantes para reduzir a alavancagem com a venda de estoque de imóveis e ativos não estratégicos. Essa estratégia ajudou a trazer dinheiro, desalavancar e preparar a companhia para o momento macroeconômico mais turbulento”, disse Piloto. O diretor financeiro contou que a Helbor está inclinada a realizar lançamentos de R$ 1,5 bilhão em 2025, o que não representa uma meta formal. Sua efetivação vai depender do comportamento das vendas mês a mês.

Segundo o executivo, as vendas têm mostrado um desempenho saudável, a despeito dos juros mais altos. O maior efeito contrário está sendo percebido nas vendas de lançamentos, cujas entregas de obras acontecerão nos anos seguintes.